Todos nós já ouvimos essa pergunta. Então, que tal retornar a ela e se lembrar de tudo o que a sua criança pensava sobre o seu futuro enquanto adulto?
E mais, o que a sua criança pensava sobre sucesso?
A gente tem muitos sonhos na infância. Para alguns, esses sonhos se tornam realidade. Mas, apostaria que, para a maioria, são apenas alguns insights já sobre a sua personalidade.
Explico: o tal “quero ser astronauta” pode ser, na verdade, o indicativo de um perfil que deseja conquistar coisas grandes e diferentes.
“Eu quero ser famoso” também um reflexo de alguém que deseja ser reconhecido publicamente pela relevância do seu trabalho, por exemplo.
O ponto principal aqui é que, enquanto crianças, a gente se permite sonhar sem limites e acreditamos verdadeiramente que podemos alcançar o que quisermos. Podemos viver os sonhos.
Eu me lembro de olhar para o meu irmão apenas 3 anos mais velho com admiração absurda. Eu estava no ensino fundamental e ele estava no ensino médio com livros daqueeela grossura. E eu, em uma ingenuidade extrema, ficava encantada com a certeza de que daqui apenas 3 anos eu também estaria “capacitada”, digamos assim, de desenvolver leituras daquela complexidade.
Eu precisei, então, chegar ao 1º ano do Ensino Médio para entender — e rir de mim mesma, óbvio —, que, na verdade, ninguém nunca esteve preparado. A gente só vai. Meu irmão não tinha aquela demanda de leitura até então, mas teve que passar a ter forçadamente.
Da mesma forma, quando o vi passando pra uma universidade federal e julguei aquilo como percurso natural de quem venceu toda a escola. Como se bastasse passar nas matérias e check ✔️. Mas me vi, anos depois, indo ao cursinho, sofrendo e sonhando com um dia em que a minha vida se resolveria pelo “Passei no Vestibular!”.
Cada momento da vida é bem único, mas o fato é que quanto mais a gente cresce e amadurece mais choques de realidade a gente recebe.
Fica fácil perceber que as coisas não são fáceis como achávamos na infância. Não se trata de um percurso natural de sucessos conforme as etapas vencidas. Não ficamos bem sucedidos aos 20. Quer dizer, pelo menos não a maioria de nós. rs
Mas e também, o que é ser bem sucedido? Tudo bem relativo, né?
Cada um tem o seu percurso. E assim como vamos nos distanciando de sonhos utópicos, vamos nos aproximando dos nossos verdadeiros dons ou, pelo menos, a cada experiência, desenvolvendo competências talvez nem previstas.
Mas, e aí, estamos vivendo o nosso percurso?
Eu percebo uma zona de reclamação muito confortável no dia a dia. E um não vestir a camisa que em nada tem a ver com desmotivação por fatores externos. Tem influências, óbvio. Mas o poder de atuação de fatores externos é irrisório perto do nosso próprio poder sobre a nossa mente.
A falta de vestir a camisa aqui, na verdade, é a falta de vestir a camisa da própria vida. Quando estamos em um momento, em algum lugar que topamos estar, e não estamos entregando o nosso melhor ali.
Você reclama de algo. Comentando com alguém, ela te lembra de outro algo. Cria-se uma bolha confortável do ato de se queixar e, naturalmente, do pouco fazer.
Tenho entendido, pouco a pouco, que estou no meu percurso. Meus planos, meu ponto de chegada esperado só eu sei. Mas estou no meu percurso desde sempre. Em cada estágio por qual passei.
Porque com o tempo a gente vai parando de agradecer pelas conquistas antigas. Eu esqueço o quanto eu almejei passar no vestibular ainda sem certeza se eu conseguiria a vaga. Eu consegui. Ou o quanto eu quis meu primeiro estágio e a alegria que eu tive em ser selecionada.
É comum percebermos escolhas erradas no meio do caminho também, mas, mesmo elas, se analisarmos de forma crítica, tiveram impacto em quem somos hoje.
Geralmente conseguimos perceber isso só depois, né? Mas as portas que você está abrindo agora têm a ver com o seu passado, eu garanto.
No entender que estamos no lugar certo, seja para revolucionar, seja para escolher mudar, seja para optar por sair do lugar até, você trabalha em prol dos seus objetivos.
Estou falando de cada um de nós sendo empreendedores de si mesmos, gerindo o próprio tempo, gerindo os próprios sonhos e objetivos, traçando planejamentos de vida e exercendo um papel ativo diariamente sobre a própria vida.
Vamos nos responsabilizar mais pelas nossas próprias inquietações, entende? E vamos nos responsabilizar mais pelas nossas interações também. Pela forma como somos vistos pelos nossos colegas.
Eu sou uma pessoa agradável pra se conviver? Eu contribuo positivamente na vida das pessoas, com leveza, otimismo, trazendo soluções? Ou eu sou um peso, eu dificulto o dia a dia das pessoas? É pesado se perguntar isso porque você pode se encontrar em situações em que não gostaria de se ver.
E mais: “eu gostaria de ser valorizado.” Mas eu valorizo os outros? Eu reconheço os outros? Eu tenho o hábito de dar feedbacks construtivos? Ou eu apenas espero receber, mas nunca entrego nada?
Eu escolho voltar ao “O que eu quero ser quando crescer” e resgatar aquela mulher que eu me via sendo: determinada e cheia de projetos. E prefiro viver um dia a dia de bem com o mundo e com muito compromisso com tudo que eu ainda almejo conquistar.
Pra mim, sucesso é aceitação do momento presente alinhada com muita disciplina e coragem pra conquistar o que ainda precisa ser conquistado. Sucesso é esperar menos de fatores externos, mas está sempre à frente de oportunidades e de conhecimentos que me faltam.