Com essa frase de Aristóteles, eu proponho uma reflexão. Vamos comigo?
Me diga, quantas vezes você já foi orientado a cuidar do seu “coração”? Quantas vezes foi orientado a cuidar da sua psiquê?
Por muitas vezes já fui incentivada a estudar, a me preparar para a vida profissional e a buscar diferenciais. A sonhada questão de se destacar em algo, de ser a melhor para aquela função. Crescer, ter independência, casar, ter filhos, ser feliz pra sempre… Aquele roteiro clichê já.
Grande ato falho. Tanto lugar de fala criado são palcos predominantes para o julgamento, para corridas longas e improdutivas sem saber onde se quer chegar, para a crítica, a auto piedade, para o exibicionismo, dentre tantas outras coisas…, enquanto se ignora, de modo geral, o ser em conversa com o seu universo.
E quais são os resultados de não se conectar consigo?
Ignorar o que grita internamente em você, ignorar suas frustrações ou sentimentos mal resolvidos influencia diretamente na sua recepção pra vida, na percepção de mesmice quanto ao dia a dia; na falta do olhar para o outro, assim como na sua intolerância ao lidar com o outro; na intolerância a si mesmo; nos laços frágeis; no sentimento de vazio que perpassa silencioso na vida de muitos; na vida aparente pouco vivida, pouco sentida, pouco lembrada. E em termos ainda mais agravantes: no alto índice de depressão, dentre outras doenças do psíquico.
Esquecemos quem somos e no que acreditamos em função de falsas necessidades impostas que não fomos educados para administrar. Tantas atitudes inconsequentes conduzem nossas escolhas pela dificuldade em agirmos em divergência com o meio em que estamos inseridos. Rema-se sempre a favor da maré, dificilmente contra…
Somos resultados de um meio
Sim, é verdade. Ninguém vive só e ninguém pode ser feliz sozinho (não falo romanticamente aqui, entendam). Então, como pensar coletivamente de forma mais respeitosa e aberta para a exposição de necessidades reais?
Falo sobre uma sociedade que olhe mais para si, que encare mais diretamente seus pensamentos e lide com eles. Que entenda suas fraquezas e condições de fragilidade e, mais uma vez, lide com elas, podendo dividi-las, certamente, mas nunca terceirizá-las em relacionamentos afetivos ou descontá-las em relacionamentos de “poder”.
Falo sobre pais que desacelerem seus filhos e que os ensinem a se ouvir, a se compreender dentro de suas virtudes, potenciais e suas falhas possíveis de serem corrigidas.
Falo sobre mais sensibilidade, mais autoconhecimento e em uma percepção mais generosa do mundo e dos seres humanos que nele vivem.
Uma vez que encontrarmos espaço para debater coisas relativas ao “coração”, acredito eu, não lidaríamos com tantos conflitos presentes em nosso dia a dia.
Dentre eles: chefes inseguros que descontam em seus colaboradores; pessoas “mimadas” que não sabem lidar com um “não” ou com uma simples insatisfação; pais autoritários que não respeitam a individualidade dos filhos; dificuldades em simplesmente dizer o que se sente, de modo a causar desgastes sem fundamento,… Ajude-me a completar a lista porque pode ser gigante…
Esse texto pede por menos inconsciência, invulnerabilidade e falsa segurança. Esse texto pede por menos corações mal-educados.
E correção, trata-se de uma mente bem educada sim. Mas não intelectualmente falando.